Idarci Esteves
Estando em Cusco no meio da semana, decidi visitar Huarocongo, um de seus distritos. É um povoado tranquilo, fora dos circuitos turísticos, habitado por moradores de língua quíchua. Oferece o prato típico que dá fama ao lugar: “Lechone” (leitão).
Fui de ônibus e a viagem durou 1h30, passando por rodovia menos frequentada. No trajeto até lá, os vales muito verdes - haviam recebido as primeiras chuvas - e os cumes montanhosos, formaram um cenário prazeroso. Moradores aproveitavam a estrutura em patamares deixadas pelos inkas e faziam cultivos.
Chegando em Huarocondo, hospedei-me no Hotel Garden House Huerta. Em um dos lados da única praça, havia um restaurante onde mulheres movimentavam-se para assar os lechones. As mesas para servi-los destacavam-se pela simplicidade, expostas na rua, ao ar livre. Soube que nos finais de semana, pessoas de cidades vizinhas e de Cusco deslocavam-se para curtir almoços com essa comida apetitosa.
No restaurante, o leitão era comido com as mãos e servido com pão. Abrindo uma exceção, deram-me garfo e faca quando viram meu desajeito diante do prato. Na verdade, senti-me envergonhada por não conseguir envolver – me com os hábitos do lugar.
Saindo dali, percorri algumas ruas cruzando com moradores respeitosos, que respondiam aos meus cumprimentos com gestos amigáveis. Sentei-me em um banco da praça para sentir o tempo passar, e como passou lentamente. Na minha frente, estava a igreja de San Juan Martin de Touro.
Moradores foram abri-la para preparar a procissão do santo padroeiro a realizar-se no dia seguinte. Aproveitei para visitá-la e satisfazer a curiosidade. Era pequena, simples, bem conservada. O altar com a Virgem Maria chamou minha atenção. Era ornado de folhas douradas. Lembrei-me dos altares das igrejas de Ouro Preto.
Retornei para Cusco no dia seguinte com a certeza de que não devemos perder de vista diferentes experiências e que podem ser surpreendentes.
