Viajar sozinha é aventura e aprendizagem


Idarci Esteves

Se no passado eu viajei muito com gente amiga, filhos, por necessidade de trabalho, agora, a fase é outra.

O tempo é um rio de correnteza larga, às vezes estreita, e sem me dar muito conta das águas que foram rolando, estou agora no remanso calmo das águas espraiadas de uma nova década de vida. Faço atalhos para realizar sonhos adiados porque antes não foi possível, mas agora, sim.

Em um desses atalhos, estou me preparando para uma viagem sozinha. É isso! Quero ir sozinha realizar meu sonho: viajar por Portugal. Quero ter meu próprio ritmo guiando meus passos, minhas possibilidades e descansar as dores. O tempo presente é sempre um momento de decisão, quem sabe faz a hora, não foi assim que escreveu Geraldo Vandré?

Viajar sozinha precisa de um planejamento mais minucioso, cada detalhe conta. Tracei o roteiro que mais me agradou partindo de Lisboa. Fiz um mapa orientador: na ida, viajarei pelo litoral do Atlântico ou o mais próximo dele possível até o extremo norte do país e, na volta, retornarei pelo interior de volta a Lisboa. Mas, vou passear muito por cidades do centro e, de lá, irei até a Freguesia de Guarda, de onde partirei para subir a Serra da Estrela – maravilhosa nos meus sonhos – e saborear o queijo que recebeu o seu nome.

Preciso calcular o peso da mala para não sobrecarregar meus braços com bagagem pesada. Vou - me deslocar de ônibus de uma cidade para outra. Perguntaram me: – por que não se desloca de trem, tão mais simples? Pesquisei e soube que não é uma boa. Eles param mais distantes do centro e dos hotéis e, conforme a hora que eu chegar, não haverá taxi para meu deslocamento. Os ônibus pouparão preocupações desnecessárias. Providenciarei em uma gráfica a feitura de um cartão com meu nome, endereço completo e número de telefone a cobrar no Brasil para contatar meus filhos. Entregarei esse cartão nos hotéis ou pousadas para dar mais segurança a mim e a quem me hospedar.

De volta a Lisboa, pretendo curtir as tardinhas e o anoitecer, passeando por inúmeras praças e largos que por lá eu sei que tem de sobra. Tirarei uma noite para ir a uma casa de apresentação de Fado, no bairro Mouraria ou no Alfama. Não posso deixar de ouvir o estilo tradicional dos portugueses elevado ao título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco. Penso na fadista moçambicana Marisa, considerada a Diva do Fado contemporâneo. Esbelta, alta, elegante, com um vestido longo todo preto, cabelos curtinhos platinados, perfil perfeito, cantando e derramando emoção no palco: “Oh! Gente da minha terra, agora é que percebi, essa tristeza que trago foi de vós que recebi”. Maravilha! Maravilhosa!

Farei registros fotográficos e anotações de tudo o que mais me encantar e julgar importante nesses trajetos de sonhos e realidades. Postarei tudo depois nas minhas redes sociais.

Viajar é um prazer enorme para mim, é onde a aventura nasce e se solidifica.

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Idarci E. Lasmar

E-mail: idesteves@terra.com.br

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